domingo, dezembro 14, 2008

A gente tem sede de quê?

Estão abertas as apostas. A foto acima é a entrada de:

A) um teatro;

B) uma estação feroviária;

C) uma repartição pública;

D) um hotel; ou

E) Um mercado onde as atrações principais são frutas e legumes?
O Mercado 24 de julho, na zona portuária de Lisboa, é um exemplo de que Portugal é um país que valoriza o requinte até nas coisas mais cotidianas. Isso, fruto de seu passado de Coroa Portuguesa.
Já se foi o tempo em que o turista só viajava atrás de belezas naturais e compras. Hoje em dia, vence quem conseguir criar roteiros alternativos. Aqui no Brasil, por exemplo, Florianópolis tem prais belíssimas, mas sempre que por lá apareço, reservo um tempo pra curtir o seu Mercado Municipal. Por outro lado, aqui no Rio, é cada vez maior o interesse de turistas em conhecer favelas.
Loucura? Turista antenado sobe em favela, se ela for uma das características do lugar que está conhecendo. E também faz compras no mercado público, sim, pois ele quer entrar em contato o máximo possível com o dia-a-dia da cidade, pois é através do seu cotidiano que se conhece melhor um lugar.

Praias? Lisboa tem algumas nos seus arredores (como a do Guincho, na foto acima, e sobre a qual já falei no último post).


Mas turista moderno tem sede de apreciar uma a arquitetura portuguesa, que apesar de não ter o meso requinte de Londres ou Paris, também tem o seu valor...

...ou será que esse prédio da prefeitura de Sintra não faz bem aos olhos?

E esse do Museu de Etnologia e Arqueologia, em Belem?

Mas Portugal também quer ser moderna, sem perder o link com as suas tradições - o que é uma tendência no mundo todo. Um exemplo é esse terraço aí embaixo, na subida para o bairro do Alfama, uma das áreas mais antigas da cidade, onde, à tarde, funciona um bar tipo lounge e á noite são promovidas raves com o melhor da música eletrônica internacional.


Ás vezes, essa tentativa de ser moderno soa tão confusa, como a vitrine dessa loja no Chiado. Os portugueses só começaram a ser modernos após entrarem no Mercado Comum Europeu,no sanos 90. E temos que levar em conta que, até 1974, o país enfrentou décadas de governo militar, que transformou Portugalna nação mais atrasada do continente.

Mas os ares de modernidade estão, por exemplo, no metrô de Lisboa, que funciona muito bem. Aliás, as coisas funcionam relativamente bem por lá. E devido às semelhanças que existem com o Brasil, além da língua, ficamos com a impressão de que Portugal é o que o Brasil seria se tivesse dado certo. É o como gostaríamos que o Brasil fosse.
E volto a dizer: moderno, mas sem perder o contato com suas tradições, como essa leiteria/cervejaria, bem no Centro da cidade. E é disso que o turista gosta, essa diversidade, esse contraste que aumentam o charme de qualquer cidade. Nós temos sede disso.

O Monumento dos Descobridores, bem ao lado da Torre de Belem, veio me lembrar que fomos colonizados pelos portugueses. Antes de conhecer esse país, eu tinha a imagem equivocada de gente tacanha que me olharia de cima à baixo, com a superioridade de quem, de certa forma, foi o responsável pela minha existência.
Mas uma das coisas que mais me maravilharam em Portugal foi justamente o carinho que os portugueses têm pelos brasileiros. Embora não sejam modelo de simpatia, seus olhos brilham e um sorriso logo se abre quando nos apresentamos. E o que um turista pode querer mais?
O Monumento dos Descobridores fica às margens do Tejo, de onde partiam muitas das embarcaçõs que partiriam pelo oceano à fora, em busca de novas colônias.
Hoje, são os milionários que enchem o rio nos dias de verão.
Além das piadas, ouvi muita gente dizer que o mal do Brasil era ter sido colonizado pelos portugueses. Sempre desconfiei. E agora, após conhecer Portugal, vejo que isso é uma grande injustiça. Se o Brasil não deu certo é culpa nossa. Os portugueses nada têm a ver com isso. E quer saber? Eu sinto até um certo orgulho por ter sido colonizado por um povo tão pacato, educado, lutador e receptivo.

E vou confessar: assim como havia acontecido em Londres, bateu uma deprê na hora de deixar essa cidade fantástica. E uma enorme vontade de voltar um dia.

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Pois eu que nem fui,estou com muita vontade de conhecer Portugal e seus encantos,JULIO. Tudo graças ao seu olhar.
Abração!

segunda-feira, dezembro 15, 2008 9:01:00 AM  
Blogger Marco said...

Que belas imagens, caro Júlio! E pelas suas descrições, atiçam mais ainda o desejo de conhecer este recanto maravilhoso. Já vi muita gente dizer que embora tenhamos sido colonizados por portugueses, não temos muitas afinidades no proceder. Há quem diga que somos mais parecidos com os italianos, em nosso modo expansivo de agir, do que com os lusitanos. Eles tem, sim, culpa em nosso proceder. Temos DNA português e somos filhos de sua opção de colonização. Se fôssemos colonizados da mesma forma por ingleses, ou franceses, ou holandeses, seríamos desse mesmo jeito. Não é a nação que nos coloniza e sim o tipo de colonização que se faz prevalecer sobre um povo. Mas já acabou? Não tem mais nada para nos relatar?
Carpe Diem. aproveite o dia e a vida.

quinta-feira, dezembro 18, 2008 10:56:00 PM  

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