quinta-feira, abril 19, 2007


John Updike acaba de lançar, pela Companhia das Letras, mais um romance. E quando este senhor lança mais um trabalho, a cena literária mundial se agita e as pessoas têm assunto para conversar nas festas. Mas esse distinto senhor norte-americano de 75 anos, parece ter levado isso às últimas conseqüencias, já que seu recente livro chama-se Terrorista e conta a história de um jovem mulçumano que, após estudar nos EUA, volta para o seu país e decide ser um homem-bomba. Então volta para a América para explodir o Lincoln Tunnel, em Nova Iorque.


No último mês, ele foi entrevistado pela correspondete do O Globo, Marília Martins. E ao falar do personagem principal do livro, ele disse o que pensa da juventude atual:




"Os jovens têm hoje um modo diferente de encarar a morte, um modo que parece muito estranho para alguém da minha geração. Nós tínhamos temor diante da morte. Nós a respeitávamos e por isso respeitávamos a vida. Questões como o suicídio eram muito sérias e profundas e tinham o pano de fundo de um certo idealismo existencial. Hoje, os jovens falam de tiros, bombas, violência, morte, sem qualquer atitude de temor ou de respeito. Não têm respeito pela vida dos outros e nem pela própria vida. E também não têm medo de morrer."




Updike foi polêmico, como sempre. Mas vejo uma triste verdade em suas palavras. Quando vejo o interesse dos jovens por esportes radicais cada vez mais perigosos, quando vejo jovens indo a estádios de futebol apenas para se surrarem, quando vejo garotos sendo cada vez mais protagonistas em crimes cada vez mais horrendos, penso que o velho Updike está longe da senilidade. Acho que o massacre ocorrido na universidade de Virgínia é uma mais prova disso.


Como muitos que freqëntam esse blog ainda são jovens e eu já transcendi essa fase da vida, gostaria de ouvir opiniões. Mandem bala!

10 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bom,mesmo qdo jovem eu não gostava de tirar meus pés do chão,JULIO. Quero ver o que dirão os novos de hj,heheheh
Abração!

quinta-feira, abril 19, 2007 12:32:00 PM  
Blogger . fina flor . said...

Julio, querido, certa feita recebi um e-mail falando que "a nova geração exatava perdida" e bibibobobó e quando fui ler a autoria, pasme, era do Aristóteles.

Acho que em todos os tempos a violência esteve presente, principalmente entre os jovens cheios de hormonios e angustias, no entanto, sempre existiu, também, o outro lado da moeda: os jovens que trabalham no green pace, que escrevem poesia, que cantam, que trabalham na cruz vermelha, etc e tal....

beijos, meu bom

MM

quinta-feira, abril 19, 2007 4:30:00 PM  
Blogger Vivien Morgato : said...

Julio, achei muito pertinente o comentário da Monica e tendo a concordar com ele. Já escrevi sobre um assunto próximo a esse, de qq forma, vale a pena pensar que essa idealização do passado prega um passado inverossímel.
Não há momento histórico sem violência e esse suposto "respeito a morte" não existiu em várias e diversas sociedades.
beijos.

quinta-feira, abril 19, 2007 5:15:00 PM  
Blogger Lila Rose said...

Oi, Julio!! Queria te dizer que eu amei o post que me indicou lá no blog... avós sempre rendem ótimas histórias e a sua é simplesmente INCRÍVEL... poética e doce... senti o cheirinho de talco da minha avó enquanto lia. Obrigada pelo presente!!

Quanto à questão da violência e os jovens, concordo contigo que nós, jovens de hoje, estamos (infelizmente) nos acostumando com a violência e por isso, muitas vezes tornando-a corriqueira e banal. Nossa geração é muito egoísta e valoriza muito pouco a vida, muitas vezes a nossa própria. É uma supervalorização do "ter" e o "ser" acaba ficando de lado. E quando esquecemos nossos valores e a verdadeira razão para estarmos aqui nesse mundo, valorizar a vida perde o sentido, né?

Bisous!

quinta-feira, abril 19, 2007 7:54:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Eu acho estranho quando ando pelas ruas e não sofro nenhum atropelamento. Quando caminho pelas calçadas e nenhum motorista me xinga. Estranho quando saio caminhando e não levo um tiro. Estranho quando não sou assaltado. Quando não apontam uma faca para meu pescoço. Quando escondem a arma prestes a atirar. É muito doido saber que posso não voltar para casa. Que posso morrer na esquina. É estranho quando não vejo pelas ruas o que vejo na tv: seja no RJ, em Sampa ou no interior de qualquer Estado brasileiro, o mar de sangue, os tiros, as vítimas, as mortes. Tudo isso é muito louco. Mas tenho voltado vivo. Ligo a tv e me deparo com tantas mortes que me sinto morto.

quinta-feira, abril 19, 2007 11:17:00 PM  
Blogger Unknown said...

Júlio, meu comentário saiu como "anônimo", mas retornei para dizer meu nome (Sávio), email: geographia@uol.com.br

quinta-feira, abril 19, 2007 11:19:00 PM  
Blogger Adenor de Andrade said...

ah, vou fazer a crítica desse livro para o UOL!!!

quinta-feira, abril 19, 2007 11:20:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

OI Júlio,

Ele tem razão, claro. Mas na sua época (dele) não existia esse apelo das drogas que embaça idealismo, medos, etc...matar ou morrer fica sendo parte da viagem.

Tenho em mente fazer um post sobre "Terrorista", sabe? Ainda não li o livro, mas recebi uns taks da agência e me apaixonei por Ahmad....rs

Beijos

sexta-feira, abril 20, 2007 12:55:00 PM  
Blogger Tiago said...

Concordo com o John e também contigo, a juventude atual está convivendo tanto com a violência no cotidiano, que passa a ficar meio insensível a ela.

Só tenho uma ressalva quanto ao que falastes: o interesse quanto aos esportes radicais perigosos. Acho que isto é bem diferente de ir a estádio para brigar ou crimes violentos. No primeiro caso as pessoas põem em risco apenas suas vidas, e se trata de algo que não envolve violência, mas adrenalina. Já nas duas outras situações há um uso banalizado da violência, e contra terceiros.

Este gosto pelo perigo também não é uma coisa nova, desde sociedades tradicionais como os Maori da Ilha de Páscoa, passando pelos Clavadistas de La Quebrada, em Acapulco, passando pelo skate street que se difundiu entre 80 e 90, até os dias atuais, o flerte com o perigo faz parte das sociedades. E acho que isto não tem haver diretamente com violência, talvez com necessidade de auto-afirmação.

Depois do monomotor que deu pane, e de uma passagem pelo rasgamortalha, estou de volta com um blog, quando der apareça.

Abs.

sexta-feira, abril 20, 2007 4:18:00 PM  
Blogger Marco said...

Caro Júlio,
você está prenhe de razão. E o Updike também. Vivemos tempos de banalização, A vida virou banal, e, conseqüentemente, a morte também. Muitos jovens acham que viver é um grande videogame e que quanto mais emoç~poes tiverem, melhor se leva a vida. Só querem saber de maximizar suas quer~encias e sensações. O próximo não importa.
Que pena...
Tenha um bom final de semana. carpe Diem. aproveite o dia e a vida.

sábado, abril 21, 2007 10:19:00 AM  

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