quarta-feira, julho 05, 2006

Gente Como a Gente. Ou Não?


Imagine a cena:
Dois amigos entram num carro. Ele, um septuaginário apaixonado; ela, uma jovem carente, solitária e extremamente sensível.
No outro lado da rua, um homem sai com a sua filinha de uma pet shop, carregando um saquinho plástico com água e um peixinho dourado. De tão preocupado em acomodar a filhinha no interior do carro, o homem estressado esquece o saco com o peixinho no caput do carro e dá a partida.
O casal de amigos vê a cena e pensa em avisar o homem. O saquinho com o peixe dourado continua milagrosamente no teto enquanto o homem segue por uma auto-estrada. O saco pode cair a qualquer momento. E eles sabem que se avisassem ao homem e este diminuísse a velocidade, o saco se espatifaria no asfalto da mesma forma. O que fazer, então?
"Aquele peixe está vivendo os seus últimos minutos de vida.", diz a jovem sensível, ao volante, "Ele vai morrer e talvez seja melhor que ele saiba que é amado. A única coisa que podemos fazer é dizer que o amamos. Peixinho, eu te amo."
Um velho apaixonado por uma mulher preste a morrer, um vendedor de sapatos com problemas mentais que acabou de se separar e tem que cuidar de dois filhos que o desprezam, uma artista plástica que tem que oferecer serviços de motoristas para idosos. Todos personagens que só querem ser felizes, ter um amor, mas não conseguem se encaixar muito bem nesse mundinho em que vivemos.
Ontem fui assitir Eu, você e Todos Nós, que já está saindo de cartaz, no Rio, após ter sido a grande zebra da temporada, competindo com arrasa-quarteirões como Código Da Vinci, Carros, A Profecia, Missão Impossível III, etc. E não fez feio, nem em críticas e nem nas bilheterias.
O filme até que não é lá grandes coisas. A estreante diretora americana Miranda July talvez tenha pensado que juntar personagens interessantes e diálogos pretenciosamente intelectuais fosse o bastante para manter a pipa no alto. Mas falta a brisa da criatividade e a pipa cai de vez em quando.
Por outro lado, essa comédia dramática até tem suas virtudes e uma delas é cativar pela sensibilidade com que os personagens são tratados, com detalhes que são verdadeiras pérolas. Falar de solitários e desajustados sempre foi uma característica do cinema alternativo norte-americano. Quem não se lembra de Felicidade ou Bem-vindo A Casa de Bonecas nos anos 90? Mas esses não se apoiavam apenas nos seus personagens, tinham história e criatividade bastante para segurar a pipa.
Em todo caso, Eu, Você e Todos Nós faz você sair do cinema com o coração massageado. Talvez por que haja um pouco daqueles sofredores em cada um de nós.

15 Comments:

Blogger Kafé Roceiro said...

Boa dica! Vamos conferir! A história é bem interessante! No mais, inté!

quinta-feira, julho 06, 2006 5:17:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Poxa, ainda não fui ver, será que dá tempo? Adoro as suas resenhas de filmes, sabia? São beeeeem melhores que muitas de jornais consagrados, enfim...

Olha, moço, estive com problemas no Fina Flor. A uol bloqueou minha conta!!!

Fiquei tentando resolver, pensando nas melhores soluções e acabei mudando de provedor!!

Portanto, anote aí e mude o endereço do carinhoso link que você fez para www.finaflormonicamontone.blogspot.com [e obrigada por me colocar junto aos seus]....... Ah, e claro, apareça para conhecer a nova casa [em construção, rs*]

Beijos e até,

MM

Ps: não sei como colocar os links dos amigos no novo blog, buáááááá´´aáá

quinta-feira, julho 06, 2006 5:46:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Hum sair com o coração massageado é muito bom, vou seguir sua dica
;)

quinta-feira, julho 06, 2006 6:03:00 PM  
Blogger EDUARDO OLIVEIRA FREIRE said...

Não vi, mas fiquei interessado xom a sua análise.

http://dudu.oliva.blog.uol.com.br

quinta-feira, julho 06, 2006 6:48:00 PM  
Blogger EDUARDO OLIVEIRA FREIRE said...

Não vi, mas fiquei interessado com a sua análise.

quinta-feira, julho 06, 2006 6:48:00 PM  
Blogger Palpiteira said...

Acordar meu lado sofredor? Nem morta! :)
Beijo.

quinta-feira, julho 06, 2006 6:58:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pena que não assisti; pela sua análise dá até vontade de ver. Filmes com tipos humanos, do cotidiano, sempre nos fazem refletir sobre a vida... (o seu dia, amanhã, vai ser melhor - sem pontas de facas!!! descanse bem!) Beijos

quinta-feira, julho 06, 2006 7:12:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

oi Júlio Cesar!! Minha primeiva vez aqui nesse blog e adorei.... Gosto de filmes alternativos e esse me pareceu bem interessante.. Não está passando em Bh, mas torço pra que passe... Me interessei em ver...
Até mais!!!

sexta-feira, julho 07, 2006 12:00:00 AM  
Anonymous Anônimo said...

Poxa,JULIO,partindo de vc,não tenha duvida que este é o filme prioritario agora. Fiquei muito curioso em assisti-lo.
Valeu pela indicação.
Grande abraço e otimo fds!

sexta-feira, julho 07, 2006 9:28:00 AM  
Blogger Cristiano Contreiras said...

Mil vezes 'Eu, você...' a ver a adaptação horrenda do 'Código da Vince'...tsc tsc.

abraços

sexta-feira, julho 07, 2006 1:42:00 PM  
Blogger Barbara said...

Deve dar um nó no coração.

sexta-feira, julho 07, 2006 1:52:00 PM  
Blogger Milton T said...

NÃO VI, MAS SEMANA PASSADA ASSISTI UM SAMURAI AO ENTARDECER...ÓTIMO PROGRAMA!
BOM FINDE JULIO
ABÇS

sábado, julho 08, 2006 1:23:00 AM  
Blogger Jorge Ferreira said...

cheguei no teu blog por acaso...joguei bala perdida no google e cheguei aqui...gostei e linkei la no meu blog...abraco.

sábado, julho 08, 2006 8:23:00 AM  
Blogger Vera F. said...

Júlio, sempre é vermos um filme onde as relações humanas são mais importante do que cenas de ação.

Bjos.

sábado, julho 08, 2006 1:25:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Buenas.
Julião, esse é um filme que eu quero ver. Talvez essa semana eu vague pela Paulista em busca dum cineclubezinho onde esteja passando.
E, em caso negativo, me sentarei nos canteiros e, apontando meu queixo para o alto, observarei as luzes da minha avenida favorita.
Se cuida.
Um abração.

segunda-feira, julho 10, 2006 3:29:00 PM  

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